[VIENA 2015, porque não?] Bielorrússia


O PAÍS

Рэспубліка Беларусь, a República da Bielorrússia, conhecida como a Rússia branca devido à neve que cobre o país durante o inverno e também pelos povos eslavos que habitavam a região e que se vestiam de branco. Mas este país é também conhecido pelas fortes ligações à Rússia, pela sua democracia nada convencional e por ser o único país da Europa ainda a manter a Pena de Morte.

Encontra-se localizada na Europa de Leste, sem ligação ao mar, faz fronteira a sul com a Ucrânia, a nordeste com a Rússia, a noroeste com a Lituânia e a Letónia, encontra a Polónia a oeste. O território que atualmente faz parte deste país pertenceu a diversos países até ao século XX, incluindo o Principado de Polotsk, o Grão-Ducado da Lituânia, o Império Russo e a Comunidade Polaco-Lituana.

Com a Revolução Russa, este território tornou-se uma das repúblicas constituintes da União Soviética, a República Socialista Soviética Bielorrussa (RSSB), da qual fez parte até à sua independência em 1990. Mas a presença humana nesta região remonta ao Homo Erectus e ao Homem-de-Neandertal. Durante o Neolítico, o Homem moderno deslocou-se para a zona e fundou a cultura Bandkerimik que predominou na região. Os cimérios e outros povos pastorais também habitaram o território, por volta do ano 1000 a.C.. Mas foram os eslavos, o povo que colonizou a região atual deste país. Do século IX até ao XIII este território integrou o Rus de Kiev, o estado eslavo, sendo conquistado imediatamente a seguir pela Lituânia. Em 1385, a Lituânia e a Polónia assinaram o pacto da união pessoal, e em 1569, o pacto da união real (um parlamento, uma política interna e externa). A cultura e a língua polaca reinaram na Bielorrússia até ao século XVIII e na Bielorrússia Ocidental até 1939.

Minsk foi ocupada pela Rússia em 1793. Em 1795 o Estado Polaco-Lituano foi conquistado pela Rússia, a Áustria e a Prússia. No século XIX os russos dominavam uma boa parte deste país e em 1918 por altura do Tratado de Brest-Litovsk, foi declarada pela primeira vez a sua independência, surgiu assim a República Popular Bielorrussa, criada sob ocupação alemã. Imediatamente a seguir começou a Guerra Polonesa-Soviética, e a Bielorrússia foi dividida entre uma Polónia que renascia e a Rússia soviética, a parte que ficou sob controlo desta foi denominada pela República Socialista Soviética da Bielorrússia.

Em 1939, a Polónia foi invadida pelos alemães e pelos russos. A RSSB foi a República Soviética mais massacrada pelas tropas nazis, durante a II Guerra Mundial, e permaneceu ocupada até 1944. Após o término da II Grande Guerra, a Bielorrússia, juntamente com mais 50 países assinaram a Carta das Nações Unidas (1945) e começou a sua reconstrução, tornando-se num dos principais núcleos industriais da região ocidental da URSS, originando uma grande movimentação de migrantes russos.

A política de sovietização de Estaline visava isolar a RSSB do Ocidente. Esta política envolvia a colocação de russos estrategicamente dentro do governo bielorrusso e a limitação da língua nativa e de toda a cultura local, mesmo após a sua morte em 1953 e com a chegada do seu sucessor, Nikita Khrushchev, a política soviética continuou. Em 1986, a Central Nuclear de Chernobyl na vizinha República Socialista Soviética Ucraniana, explodiu afetando diretamente a Bielorrússia, as cinzas nucleares cobriram o território provocando não só avultados estragos, como grandes consequências futuras para a sua população.

A independência foi declarada a 27 de julho de 1990 e no ano seguinte o seu nome foi alterado para República da Bielorrússia. Nas eleições de 1994, Alexander Lukashenko saiu vitorioso com 80% dos votos e até então continua no poder, o que faz com que este seja visto como um “ditador” que mantém o país no rumo que ele e os amigos querem. As ligações à Rússia sempre se mantiveram e existem acordos entre ambos, no âmbito da unificação, não só das políticas externas, económicas e militares, como também da própria união monetária e tributária. A Bielorrússia mantém-se desta forma intocável, governada ao sabor de alguns, consoante os seus próprios interesses, virada para a Rússia e a piscar um olho ao Ocidente, enfeitada por uma Democracia fraca, altamente controlada, desrespeitadora dos Direitos Humanos e irreal. Uma entrada na UE é impossível, teria que percorrer um longo caminho e ter a aprovação da sua amiga Rússia, que não quer abdicar da sua grande influência e dos seus nacionalismos exagerados.

Este país foi o berço para inúmeras personalidades que através dos seus diferentes contributos elevam o seu nome ao mais alto nível, destaco algumas, tais como: Yanka Kupala (poeta do século XX); Sergiusz Piasecki (escritor do século XX); Mendele Mocher Sforim (escritor e um dos fundadores da literatura moderna hebraica e Ídiche, que é uma língua da família indo-europeia, adoptada pelos judeus); Vasil Bykaw (escritor, um dos maiores na literatura da II Grande Guerra); Maksim Bahdanovic (poeta e tradutor); Chaim Weizmann (primeiro Presidente do Estado de Israel 1948-1952); Menachem Begin (sexto Primeiro Ministro de Israel 1977-1983); Lev Vygotsky (psicólogo e criador da Teoria do desenvolvimento cultural e biossocial humano); Oscar Zariski (grande matemático americano, professor na Universidade de Harvard e criador da Tipologia Zariski); Ignacy Domeyko (cientista, geologista e meteorologista famoso); Vitaly Scherbo (ginasta, vencedor de 6 medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1992); Olga Korbut (ginasta, detentora de 6 medalhas olímpicas ganhas nos Jogos de Munique 1972 e Montreal 1976); Max Mirnyi (tenista); Anton Kushnir (esquiador, vencedor de uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Inverno 2014); Veronika Vitenberg (ginasta); Svetlana Boginskaya (ginasta, vencedora de 3 medalhas de ouro); Meyer Lansky (importante figura do crime organizado); Marc Chagall (pintor, ceramista e gravurista surrealista judeu); Louis B. Mayer (produtor e proprietário dos estúdios da Metro-Goldwyn-Mayer – MGM); Maryna Linchuk (modelo); Alexander Rybak ( compositor, violinista, actor, apresentador e cantor, vencedor do ESC2009); entre muitas outras.

PERCURSO NA EUROVISÃO

2004 foi o ano em que este país se aventurou pela primeira vez no ESC e logo na sua estreia não conseguiu o passa à Final, “My galileo”, da Aleksandra & Konstantin ficou-se pelo lugar 19 da semifinal. No segundo ano da sua participou, a megalómana Angelica Agurbash e o seu épico “Love me tonight”, saiu de Kiev com o 13.º lugar da semifinal e um gasto de alguns milhões com toda a sua participação. A sua primeira participação numa final foi em 2007, quando Dmitry Koldun conseguiu fazer magia com a canção “Work your magic” e chegar ao melhor lugar de sempre que este país conseguiu, um 6.º lugar. Regressou novamente a uma final em 2010 com a canção “Butterflies”, dos 3+2, mas não passou além do 24.º lugar. Em 2013 e 2014 marcou sempre presença na final, "Solayoh", da Alyona Lanskaya e “Cheesecake”, do Teo conseguiram ficar no 16.º lugar. Em 2015, este país vai voltar a participar e tentar chegar pelo terceiro ano consecutivo à Grande Final.

A participação da Bielorrússia na Eurovisão sempre esteve envolta em polémica, desde o Eurofest (Festival Nacional) manipulado; das votações estranhas; das constantes mudanças, quer nos intérpretes, quer mesmo nas canções vencedoras; dos vídeo clips milionários; das digressões com avião privado; das preferências do Lukashenko; dos fãs que se deslocam ao ESC escolhidos a dedo e todos com ar de modelos e de obrigação (ESC2006)... entre outras coisas, fazem com que este país seja sempre notícia. A última participação foi a única exceção, desde o processo de seleção até ao resultado final tudo parece que foi realizado sem intervenções extra, o “Cheesecake” parece ter agradado desde o primeiro momento.

EM 2015... PORQUE NÃO?

A escolha do próximo representante para o ESC recai novamente na realização do Eurofest, o vencedor irá tentar ganhar pela primeira vez e levar o certame para casa. Em caso de vitória a Minsk-Arena, que albergou já a edição de 2010 do Festival da Eurovisão Júnior e a Chizhovka-Arena, as duas na capital, estão preparadíssimas para receber o concurso. As propostas a concurso foram já disponibilizadas e após algumas audições, aquelas que eu acho que talvez conseguiriam um melhor resultado para o país são:

Uzari & Maimuna – Uzari é um cantor Pop e Maimuna é uma violinista muito conhecida, Uzari tentou já representar o seu país em 2012 e em 2013, acabando em 5º e em 8º lugar da Final do Eurofest. Regressa este ano para tentar chegar ao ESC e a sua proposta “Time” é bastante interessante, acredito que será uma das favoritas.



Milki – Grupo composto por Alexander Rybak, que também foi o cérebro de todo o projeto. Tatsiana Stakhouskaya, Marina Putnikova, Taya Serikova, Victoria Nazarko e Anna Rai vão tentar conquistar o Eurofest com o seu sotaque, “Accent” é a canção que provavelmente vai ganhar e irá até Viena, o patriotismo dos responsáveis a falar mais alto.



Gunesh – Nasceu na cidade de Baranovichi é uma cantora Pop com um percurso musical considerado. Iniciou a sua carreira através da participação em inúmeros concursos internacionais e foi a primeira participante bielorrussa no Turkvision 2013. Participou já por 4 vezes no Eurofest, ficando em 4º em 2006, em 3º em 2008 e 2012 e em 2º na edição de 2009. Será que à 5ª é de vez? Não sei, mas deverá lutar por isso.



Lis – Pouco se sabe deste cantor, mas é um dos finalistas do Eurofest. A sua canção “Angel” relembra-me a canção da Lituânia 2012, um começo bem soft e depois vai crescendo. Não acredito que seja a vencedora, mas não é das piores da sua final.



Anastasia Malashkevich – Cantora Pop, senhora de uma boa voz. Tentou já representar o seu país em 2014, mas apenas conseguiu um 6.º lugar, regressa este ano para tentar uma vitória, “Don't save my name” é interessante, mas não concorre para o 1º lugar. Deverá voltar a concorrer no futuro, com uma canção mais forte será uma boa opção.



Janette – Cantora pop bastante conhecida no seu país. Foi escolhida directamente pelo Lukashenko para integrar a equipa de apoio nos Jogos Olímpicos de Pequim, estando envolvida numa polémica pela escolha directa do Presidente, nada de novo! Participou na última edição do Eurofest com uma canção composta por uma equipa sueca e britânica, a mesma que compôs a “Supernova”, que concorre este ano. Na minha opinião, a canção do ano passado era melhor, “You will be there” chegou ao 3º lugar. Mesmo que este ano não seja o dela, acredito que irá brevemente representar a Bielorrússia.



Napoli - Banda composta por três membros, Olga Shimanskaya, Ilona Muntyan and Sergey Bolobolov, existe há cerca de 2,5 anos. Participaram no Eurofest 2014 e a sua “Stay with me” terminou num honroso 4º lugar. Regressam este ano com “My Dreams”. Penso que não seja o ano deles, mas este trio é muito interessante e deveriam tentar no futuro.



Yana Butskevich & Muzzart – Banda que poderia ter saído da seleção Suíça. “Only Dance” a canção que vai concorrer, foi certamente inspirada na “She´s after my piano” dos 2Fabiola feat Loredana, da Bélgica do ano passado. Apesar de tudo acho que é uma proposta interessante, é divertida e fica bem no Eurofest. Com uma apresentação saloon quem sabe não termina num bom lugar!



Mas num próximo ano outros candidatos também poderiam ser uma boa opção para a Eurovisão, deixo alguns exemplos:

Dee Flack
– De seu nome Vladimir Burtsev, nascido em Zhodino, é um jovem produtor de Chillout e de Future Garage. Numa parceria com um cantor/a poderia produzir algo muito interessante e diferente para o concurso.



Bianka – Cantora nascida em 1985, em Minsk, senhora de uma boa imagem, faz do Pop, R&B, Hip hop, Rap e do Dance a sua praia e tem muito sucesso não só no seu país, como na Rússia e até em Israel. Venceu em 2001 uma competição internacional de jovens cantores na Polónia, e em 2005 foi convidada para representar a Bielorrússia na Eurovisão, convite que ela recusou. Acho que num futuro próximo deveria pensar em ir ao ESC.



Aura – Cantora Pop bastante conhecida, tentou representar o seu país em 2012, com a canção “Hands Up”, mas não se qualificou para a final do Eurofest.



Irina Dorofeeva – Cantora pop, nascida em Moguilev, em 1977. Canta desde os 12 anos. Em 2006 tentou representar o seu país no ESC, mas não venceu o Eurofest. Em 2011, a BTRC (Televisão da Bielorrússia) anunciou-a como a representante da Bielorrússia, mas acabou por ser substituída pela Anastasiya Vinnikova. Mais tarde, ou mais cedo irá mesmo pisar o palco eurovisivo.



Oksana Kovalevskaya – Nasceu em 1983, em Smilavichy, Minsk. Foi a vocalista da banda russa Kraski até 2010 e desde então começou a sua carreira a solo. Algumas das suas canções alcançaram os tops da Europa de leste. A sua carreira foi sempre um sucesso, não só com a banda, como sozinha.



Ksenia Sitnik – A vencedora do Festival Eurovisão da Canção Júnior 2005, agora com 19 anos, deveria tentar voltar à Eurovisão, mas com algo mais maduro e adulto.



Lavon Volski – Escritor, pintor e músico, nascido em 1965, na capital. Fundou algumas bandas Rock, mas actualmente tem uma carreira a solo. Tem um percurso musical sólido e com bastante sucesso. Uma representação bielorrussa, porque não?



Fabiant – Banda de Metal Melódico, Folk e Metal Gothic e vindo deste país seria uma aposta muito interessante e diferente para levar as cores bielorrussas ao ESC.




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Fonte e Imagem: ESCPortugal; Vídeos: YOUTUBE

5 comentários:

  1. Mais uma vez um artigo de fundo admiravel,desta vez sobre a Bielorussia. Criticismo saudavel e realista da realidade actual na Bielorussia.Parabens por este excelente trabalho,Paulo Morais! Um enorme Obrigado!1

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  2. Sinceramente Paulo! Artigo sobre a BIELORRÚSSIA e nenhuma referência a MIM? HUMPF!

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  3. Espero que sinceramente levem algo melhor que cheesecake o que não será muito dificil =p~

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  4. Melhor que Cheesecake?Muito dificil com estes candidatos.Teo foi uma surpresa muito positiva em 2014.

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  5. parabens Paulo Morais pelas capacidades que tens de transmitires a historia de cada país mais uma vez muito obrigada

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