[VIENA 2015, porque não?] Macedónia


O PAÍS

A Република Македонија é a República balcânica que a Grécia nunca olhou com bons olhos para o seu nome... Macedónia é um país montanhoso e sem litoral, com mais de 50 lagos e faz fronteira a norte com o Kosovo e com a Sérvia, a sul com a Grécia, a leste com a Bulgária e a oeste encontra-se com a Albânia. As desavenças com os vizinhos gregos surgiram desde a proclamação da sua independência da República Socialista Federal da Jugoslávia, em 1991, e após a decisão do novo país se chamar Macedónia, isto porque a Grécia tem uma região com esse nome e por todo o seu passado cultural. A Grécia só aceitou a entrada na ONU da Macedónia, depois do seu nome ter mudado para "Antiga República Jugoslava da Macedónia", (em inglês FYROM – “The Former Yugoslav Republic of Macedonia”). Mas actualmente a maior parte dos países apenas reconhece como República da Macedónia.

A história deste país esteve sempre ligada à dos seus vizinhos, uma vez que ao longo dos séculos foi integrando diferentes reinos, impérios e países até se tornar independente e país autónomo e reconhecido pelos demais. Regressemos então ao século VI, altura em que a região foi conquistada pelos eslavos, seguindo-se pelos búlgaros no século seguinte (VII). No ano de 1014, foi reconquistada pelo Império Bizantino, a que se seguiram os sérvios no século XIV, neste mesmo século tombou à força do Império Otomano (1355). Durante os séculos que se seguiram este forte Império dominou toda a região até aos anos de 1893-1897, quando começam a ganhar força na Bulgária alguns movimentos nacionalistas macedónios, que adivinhavam grandes conflitos contra os turcos. Em 1903, uma revolta macedónia, apoiada pela Bulgária, foi violentamente reprimida com a destruição de 105 vilas de macedónios eslavos. Com a Guerra dos Balcãs (1912-1913, 1ª fase contra o Império Otomano, 2ª fase entre si, Bulgária contra a Sérvia, Grécia e Roménia, saindo derrotada a Bulgária), o território macedónio ficou assim divido entre gregos (região costeira) e sérvios (região central e norte da Macedónia). No período entre as Guerras Mundiais (1919 – 1939), a Macedónia passou a fazer parte do Reino dos sérvios, croatas e eslovenos. Os sérvios da (Vardar)-Macedónia passaram a fazer parte do Estado Federal da Jugoslávia. Durante a II Guerra Mundial, foi ocupada pela Bulgária (1941-1944) e em 1945, com o término do conflito, tornou-se uma das seis repúblicas constituintes de um novo Estado, a República Socialista Federal da Jugoslávia. Mas esta “união” não fez diminuir as tensões entre a etnia da Macedónia e a Sérvia que claramente dominava o Governo Federal, a falsa tranquilidade deveu-se ao Presidente Tito, que apesar das diferenças, conseguiu sempre manter as diferentes etnias em sintonia através das suas políticas. Com a morte do mesmo, em 1980, tornou-se claro que a estrutura federal não iria durar muito. A Macedónia tentou assim a sua independência mas a presença de uma forte minoria albanesa e as objeções colocadas pelo Governo grego sobre o nascimento de um Estado com o mesmo nome de uma região do norte da Grécia, dificultou a mesma. Com a separação da Croácia e da Eslovénia, da Jugoslávia, a Macedónia, receando o domínio sérvio, declarou também a sua independência a 8 de Setembro de 1991. Dois anos depois foi admitida nas Nações Unidas.

O nome do novo país provocou na Grécia um grande mau estar, alegando motivos históricos e porque Macedónia era já uma região grega. O bloqueio pela Grécia na UE e o embargo comercial grego imposto à nova República, levou a Comissão Europeia a instaurar um processo contra o Estado Grego no Tribunal de Justiça Europeu. Desta forma, as relações entre os dois países sempre estiveram ensombradas por esta quezília com o nome. Seguiu-se um período atribulado de problemas políticos e sociais que quase terminaram numa guerra civil, mas a chegada ao poder do Boris Trajkosvski, político de centro-direita com tendências pró-europeias, evitou que a situação piorasse.

Atualmente, este país está em crescimento a todos os níveis e procura a sua adesão à UE, que apesar de não ter as portas fechadas a novos estados membros, os critérios para novas entradas são rigorosos e morosos até estarem em consonância com as exigências actuais. Veremos a Macedónia na família da UE sim, mas não para já!

Nem só de história se faz um país, mas também por pessoas. E quem levou e ainda leva o nome Macedónia ao mundo? Diversas personalidades nasceram neste território, tais como: Gjorche Petrov (poeta e herói de guerra revolucionário); Yordan Piperkata (herói de guerra); Hristo Uzunov (herói de guerra revolucionário contra o Império Otomano); Kuzman Shapkarev (cientista); Maja Apostoloska (poeta e critica literária, autora de “Play at last”); Vasil Iljoski (famoso dramaturgo do século XX); Kole Nedelkovski (poeta e revolucionário, conhecido por ter escrito o poema comunista "Glas od Makedonija" – Voz da Macedónia); Petre Mito Andreevski (poeta, autor e editor do século XX); Simeon Simev (poeta e autor de “A lua brilha, o sol nasce”); Dimitrija Cupovski (autor e fundador da Sociedade Literária Macedónia em 1902, publicou o primeiro dicionário russo-macedónio); Petar Mazev (pintor/movimento expressionista); Dimitrije Buzarovski (compositor); Pero Antic (jogador de basquetebol do Atlanta Hawks); Goran Pandev (jogador de futebol); Admir Mehmedi (jogador de futebol/selecção da Suíça); Esma Redzepova (cantora famosa pela sua música cigana e representante da Macedónia no ESC2013); Tose Proeski (cantor/representante da Macedónia no ESC2004, conhecido também pelo seus trabalhos beneficentes); entre muitos outros.

PERCURSO NA EUROVISÃO

O seu percurso eurovisivo, como país independente, remonta a 1996, quando o canal MPT enviou a proposta para participar nessa edição do ESC, mas devido ao grande número de países participantes, foi realizada uma pré-seleção em março e dos 29 países interessados em ir apenas foram escolhidos 22 (a escolha foi feita através da votação pelos júris nacionais e a Macedónia ficou de fora no lugar 27º, a cantora foi a Kaliopi, com a canção “Samo ti”). Apenas em 1998 este país viria a pisar o palco eurovisivo pela primeira vez: o cantor Vlado Janevski com a canção "Ne zori, zoro" não foi além do  19. lugar. No ano a seguir ficou de fora e retornou em 2000 com a girl band XXL e a sua desafinada "100% te ljubam", mesmo assim conseguiu um 15º lugar. Em 2001, voltaram a ficar em casa e regressaram em 2002, com a Karolina Gočeva (que voltaria ao ESC em 2007): a sua “"Od nas zavisi", não convenceu e ficou-se pelo 19º lugar. 2003 voltou a ser um ano de ausência para regressar em 2004, ano em que o sistema de semifinal foi introduzido, e a sua estreia com este sistema foi em grande, uma vez que a canção “Life” do falecido Tose Proeski conseguiu alcançar o 10º lugar da semi e dessa forma ir até à Final, onde terminou em 14º. Nos anos que se seguiram até 2007 conseguiu sempre chegar à Final, mas em 2008, após a introdução de novas regras e de duas semifinais, este país apenas chegou à grande Final em 2012, com a Kaliopi e a sua fantástica “"Crno i belo", que alcançou o 13º lugar. “To the Sky” da Tijana Dapčević, a escolha interna de 2014, não ultrapassou a sua semifinal ficando em 13º lugar.

Apesar de nunca ter lutado verdadeiramente pelo título eurovisivo,  já venceu um prémio, o ingrato Barbara Dex Award 2005: as roupas desportivas do cantor Martin Vucic e do seu coro, valeram-lhe e bem o temível troféu.

E EM 2015?

Para 2015, voltou a ser realizado o Skopje Fest (festival nacional), que sagrou como vencedor Daniel Kajmakoski. Assim sendo, a canção "Lisja esenski" vai tentar vencer a edição 60º do ESC, em Viena e caso consiga, a Boris Trajkovski Sports Center, na capital Skopje está preparada para receber o evento.

Analisando a edição 2014 do Skopje Fest, existiram boas propostas para representar as cores macedónias na Áustria, no próximo ESC. A proposta vencedora é uma boa aposta, Daniel Kajmakoski, vencedor X Factor Adria, senhor de uma excelente voz, tem imenso sucesso em toda a região dos Balcãs e vai representar o seu país com a canção “Folhas de Outono”. Não sairá de lá vencedor, mas poderá conseguir o passe à Final.


Mas nesta edição do Skopje Fest existiam outras propostas que também dariam excelentes representantes em Viena, tais como:

Joce Panov – Que cantou “Ni Lj od Ljubovta”, uma balada balcânica bem ao agrado dos fãs destas baladas. Joce cantou bem, mas não encantou nessa noite, terminou em 11º. Este jovem cantor Pop nascido em 1982, conta já com alguns sucessos na região e poderia ter sido uma boa escolha para 2015.


Tamara Todevska – Que propôs “ Brod što tone”, uma fantástica e bem interpretada balada intimista, simples, mas muito bem conseguida, esteve perto da vitória, mas acabou por ficar em 2º. Esta bela cantora Pop, nascida em Skopje em 1985, representou já o seu país em 2008, juntamente com Vrčak & Adrian e a canção “let me love you”, que apesar de ter ficado em 10º na sua semifinal, foi substituída (regra da decisão dos júris) pela Charlotte Perrelli e a sua “Hero”. Esta sua proposta (a minha favorita do Skopje Fest 2014), merecia ter ido a Viena.


Egi – Que cantou “Da te ne sakam”, uma bela canção, bem instrumentalizada e cantada com paixão. O seu nome é Evgenija Cavcalova e tem uma voz forte e interessante, tentou pela primeira vez representar o seu país e quase conseguiu, ficou em 3º. Apesar de não ser tão memorável como as três anteriores, seria uma boa opção.


Viktorija Loba – Deu ritmo com “Edna edinstvena”, uma canção a lembrar as nossas romarias e que abundam nos nossos canais de televisão ao fim-de-semana, que terminou a noite em 7º. Canção latina bem diferente do que este país leva ao ESC, cantada razoavelmente por uma jovem russa, nascida em 1988, mas a viver em Skopje. Esta bela cantora representou a Macedónia em 2003, no JESC e tem um considerável sucesso na região. A sua proposta fresca, melhorada com um pouco mais de ritmo e dança seria uma boa opção para o ESC 2015.


Mas para além das propostas apresentadas no Skopje Fest 2014, quem também poderia ter sido uma boa opção para a Eurovisão?

Lambe Alabakovski – Cantor Pop, nascido em 1987, em Ljubojno, participante em alguns concursos de talentos, concorreu ao Skopje Fest 2007 e 2008, mas apesar de ter ficado perto não conseguiu o bilhete para o ESC. Senhor de inúmeros sucessos e boa voz, seria certamente uma excelente opção para o ESC.


Rennata – É uma jovem cantora Pop, nascida em Skopje, em 1990. Iniciou-se no mundo da música aos 7 anos, foi ganhando cada vez mais sucesso e actualmente chegou aos tops de alguns países europeus sendo até nomeada para alguns prémios musicais. Certamente levaria o seu país a um bom porto.


Darko Ilievski – Nascido em 1988, em Skopje, é um cantor Pop com bastante sucesso. Participou no Bulgarian Idol e desde então não tem parado. Seria uma boa opção para o ESC.


Bojana Atanasovska – Cantora Pop, nascida em 1984, os seus singles são sempre um sucesso. Tentou representar o seu país em 2006 e enviou para a final nacional 3 canções, mas mesmo assim não conseguiu o passe para Atenas. Deveria voltar a tentar.


Slatkaristika – Cantor de Hip Hop muito famoso em toda a região, nasceu em Skopje em 1986 e iniciou a sua carreira ainda muito jovem. Ele anuncia uma revolução do Hip Hop da Macedónia. Milhões de visualizações brindam as suas criações. Um Hip Hop bem feito poderia terminar com a má sina deste género no ESC.


Elena Risteska – A representante da Macedónia em Atenas 2006 e melhor classificada deste país no certame. É uma cantora bem sucedida e o seu sucesso é grande. Vencedora de inúmeros prémios musicais, deveria voltar a representar as suas cores no ESC.




Esta e outras informações também no nosso Facebook. Visite já!
Fonte e Imagem: ESCPortugal; Vídeos: YOUTUBE

2 comentários:

  1. mais uma vez parabens Paulo Morais pelo excecional trabalho de pesquisa e obrigada por mais uma fantástica viagem e boa escolha

    ResponderEliminar
  2. Tambem achei a proposta da Macedonia a segunda melhor. Gostaria de ver outra vez a Elena Risteska.

    ResponderEliminar